
Teófilo Otoni: Coronel Marinho decreta “calamidade financeira”, pede aumento de 34% para secretários e seus vereadores concedem
Enquanto cidade enfrenta suposta “calamidade financeira”, vereadores aprovam salários de R$ 11,8 mil para secretários em reunião sem transparência.
Enquanto a população enfrenta filas na saúde, cortes no transporte escolar e serviços públicos precários, o município de Teófilo Otoni, no interior de Minas Gerais, aprovou um aumento gordo de 34% nos salários dos secretários municipais. A medida, que eleva os vencimentos de R$ 8.795 para R$ 11.795 mensais, são R$ 3.000,00 de ganhos a mais para cada um dos 16 secretários, o que causou perplexidade e revolta em parte da população e entre vereadores da oposição. Principalmente porque o próprio prefeito Coronel Marinho (PL) havia declarado, assim que assumiu a prefeitura, situação de calamidade financeira por 90 dias.
Enquanto ações sociais são reduzidas e serviços básicos sofrem com déficit de recursos, o mais novo reajuste bancado pelos vereadores que apoiam o prefeito Coronel Marinho vão gerar um impacto direto aos cofres públicos de R$ 48 mil a mais por mês saindo do orçamento da cidade. O que significa R$ 576 mil ao longo de um ano. Valor que, segundo estimativas de profissionais da área de saúde, seria suficiente para custear quase 150 mil exames de sangue, número capaz de zerar a atual fila de espera por atendimentos laboratoriais na rede pública municipal.
A decisão revela um choque frontal com o discurso de campanha do prefeito Coronel Marinho (PL), eleito com a promessa de reduzir gastos, combater a corrupção e “enxugar a máquina pública”, na campanha eleitoral, prometia “enxugar a folha de pagamento” e priorizar investimentos em áreas essenciais como saúde e educação. Mais do que contraditório, o gesto parece ignorar o momento de fragilidade econômica enfrentado pelo município, que foi formalmente reconhecido pela própria gestão com a decretação da calamidade financeira por 90 dias.
Além do conteúdo da decisão, a forma como ela foi conduzida levanta suspeitas. A sessão da Câmara que votou e aprovou o projeto não foi transmitida pelo canal oficial no YouTube, quebrando uma prática institucional que vinha sendo adotada com regularidade. O silêncio e a ausência de transparência reforçam o questionamento: por que esconder a reunião? Esconder de quem? A ausência de visibilidade e o trâmite acelerado do projeto — que beneficia diretamente figuras do alto escalão — alimentam críticas de que a medida, ainda que legal, viola princípios básicos da moralidade pública.
Cinco vereadores se posicionaram de forma clara e contrária à proposta: Serginho (PT), Eliane (PT), Lidiomar da Saúde (PT), Roni Franco (Solidariedade) e João Gabriel (PT). Procurado por nossa equipe, até o momento, o prefeito não se pronunciou publicamente sobre o reajuste, tampouco comentou a contradição entre o aumento e o decreto emergencial. Nas ruas e redes sociais, cidadãos cobram coerência, transparência e prioridade nos investimentos públicos.
O caso de Teófilo Otoni escancara o abismo entre o discurso e a prática institucional. Em nome do “ajuste fiscal”, cortam-se direitos da base da sociedade enquanto concedem reajustes generosos a cargos estratégicos da equipe. Uma prática que, segundo especialistas, contribui para a percepção de duplo padrão institucional. Essa é mais uma prova de que a austeridade no Brasil é seletiva — e a conta, como sempre, sobra para quem mais precisa, com medidas duras para a população e concessões generosas para a base política do prefeito Coronel Marinho.
Noticia10
BR-439: Vereadores avançam em articulação nacional pela Rota 3 Corações
Em uma série de articulações estratégicas, os vereadores Felipe tigre, Fernando Batista e …