Masturbação pode prevenir câncer de próstata, diz estudo

A masturbação pode ser o primeiro hábito sexual masculino a influenciar diretamente nas chances de um homem desenvolver câncer de próstata. A conclusão está em um estudo liderado pelo professor Graham Giles, do The Cancer Council Victoria, em Melbourne, na Austrália. De acordo com a pesquisa, indivíduos que ejaculavam mais de cinco vezes por semana, principalmente na faixa dos 20 anos, foram os mais beneficiados.

Giles questionou 1.079 pacientes com tumor de próstata sobre sua vida sexual. Depois comparou os resultados com outros 1.259 homens saudáveis. Segundo ele, quanto mais ejaculações os homens têm entre 20 e 50 anos menor a chance de desenvolver a doença. O grande número de ejaculações impediria o acúmulo de substâncias cancerígenas presentes no sêmen e retidas na próstata.

A pesquisa australiana, primeira no mundo a relacionar número de ejaculações e câncer de próstata, foi considerada um misto de novos sinais e pura especulação pelos especialistas. O assunto foi publicado com destaque na revista científica “New Scientist” e movimentou os médicos pelos antecedentes do pesquisador. Giles é conhecido por seus trabalhos sobre epidemiologia e chefia um estudo com 4 mil homens, que analisa as causas do tumor de próstata.

Para o urologista Miguel Srougi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o trabalho dá indícios importantes para novas descobertas. “Alguns estudos tentaram relacionar uma vida sexual intensa com a probabilidade de se ter câncer de próstata”, afirma. “Isso não é verdade. Então, a pesquisa australiana abre novamente espaço para a investigação de um hábito e sua relação com a doença”, acredita.

Para o urologista Sidney Glina, coordenador do Departamento de Reprodução Humana do Hospital Albert Einstein, ainda é cedo para se prescrever a masturbação como forma de prevenir o câncer. “Há alguns anos, falou-se que a vasectomia poderia provocar a doença. Depois comprovamos que não era verdade”, completa.

Segundo o urologista Homero Oliveira de Arruda, da Unifesp, ninguém deve partir para a dobradinha “revista e banheiro”. “A pesquisa ainda é só especulação”, alerta. “Ir ao urologista a partir dos 40 anos e realizar os exames de toque e sangue é a melhor forma de prevenir a doença”, conclui o andrologista Rodrigo Pagani, da clínica Huntington.
Noticia10/ New Scientist