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Homem - 22 de novembro de 2018

Mudança climática pode prejudicar a fertilidade masculina

Novas descobertas, publicadas na revista Nature Communications, revelam que ondas de calor prejudicam o esperma de insetos – com impactos negativos para a fertilidade ao longo das gerações. A equipe de pesquisadores diz que a infertilidade masculina durante as ondas de calor pode ajudar a explicar a razão de a mudança climática ter impactado tanto na população das espécies, incluindo extinções relacionadas ao clima em anos recentes.

O Professor Matt Gage, líder do grupo de pesquisa, disse: “Nós sabemos que a biodiversidade está sofrendo com a mudança climática, mas é difícil definir as causas e vulnerabilidades específicas, demonstramos neste estudo que a atuação do esperma é especialmente sensível quando o ambiente se aquece, e em um sistema modelo representando uma enorme parte da biodiversidade global. Como a função do esperma é essencial para a reprodução e viabilidade da população, essas descobertas podem explicar o motivo de a biodiversidade sofrer sob a mudança climática, uma atmosfera mais quente será mais volátil e nociva, com eventos extremos tais como as ondas de calor se tornando cada vez mais frequentes, intensas e abrangentes”.

A equipe de pesquisa investigou o besouro castanho (Tribolium castaneum) para examinar os efeitos das ondas de calor simuladas na reprodução masculina. Os besouros foram expostos a condições de controle padrão ou a temperaturas elevadas por 5 dias, de 5°C a 7°C acima do ideal térmico deles. A equipe descobriu que a onda de calor reduziu pela metade a quantidade de filhotes que os machos podiam produzir, e uma segunda onda de calor quase tornou os machos estéreis.

As fêmeas, pelo contrário, não foram afetadas pelas condições de temperatura elevada. Entretanto, a reprodução feminina foi afetada indiretamente porque os experimentos mostraram que as ondas de calor prejudicaram o esperma inseminado dentro do aparelho reprodutivo feminino. Após ondas de calor experimentais, os machos reduziram a produção de esperma em três quartos, e todo esperma produzido teve dificuldade em migrar para o aparelho feminino, com maior probabilidade de morrer antes da fertilização.

Kirs Sales, pesquisador pós-graduado que liderou a pesquisa, disse: “Nossa pesquisa mostra que as ondas de calor reduzem pela metade a aptidão da reprodução masculina, e foi surpreendente a constância do efeito.” O grupo também examinou as causas subjacentes da vulnerabilidade masculina. As ondas de calor causaram algum impacto no comportamento sexual dos machos – com eles acasalando metade das vezes que o grupo de controle.

“Dois resultados preocupantes foram o impacto de ondas de calor sucessivas nos machos e os impactos das ondas de calor nas futuras gerações,” disse Kirs. “Quando os machos foram expostos a dois eventos de ondas de calor em um espaço de 10 dias, sua produção de filhotes foi menos de 1% do grupo de controle. É provável que os insetos na natureza enfrentem múltiplos eventos de ondas de calor, o que pode tornar-se um problema para a fertilidade da população se a reprodução masculina não conseguir se adaptar ou se recuperar.”

Os pesquisadores esperam que os efeitos possam ser incorporados em modelos que prevejam a vulnerabilidade das espécies e que, por fim, contribuam à compreensão social e à ações de preservação.
Noticia10/nature

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